Eu não poderia deixar de agradecer pela preciosa receita. Tão logo puder testar, prometo postar os resultados e as impressões. Realmente já comentamos algumas vezes sobre substâncias que podem ser utilizadas para tratar as madeiras e melhorar seu aspecto final.
Aproveitando, se tu tiver fotos ou algumas imagens sobre o trabalho que teu pai desenvolvia,poste pra gente ver. Adoro conhecer estas técnicas antigas (sou assiduo leitor da Popular Mechanics desde garoto..... Isto já faz muuito tempo, KKKK).
Mas confesso ter estranhado a terminologia "Ferrador". Tive um tio que fazia algo semelhante, mas lá no RGS chamam de "Selador". Ele tinha um galpão em que recebia os cavaleiros e enquanto estes faziam os negócios na cidade, ele trocava as ferraduras, consertava as selas, encilhava e alimentava os animais. Deve ser a mesma profissão.
Mais uma vez, fico Obrigado pelo compartilhamento da cultura.
Grande Abraço e Muita PAZ!
Elton "Velho Hippie" Ribeiro Oficina do Velho Hippie - Criando com as Mãos, com a Mente e o Coração!
Graande Elton, É a mesma profissão sim... aqui chamavam "Ferrador"... creio que é devido ao fato de se pregar as ferraduras, sei lá... rs...
Meu pai também tinha um galpâozinho, chamado "Tenda", uma forja a carvão coque, uma bigorna, várias marretas, umas "tenazes", uns ponteiros pra fazer os furos das ferraduras... enfim... fazia a ferradura e depois pregava no pé dos pobres animais.... e quando não tava mexendo com isto, fazia também os "arreios" e acompanhava a fabricação das charretes e carroças, que na maior parte das vezes eu mesmo é que fazia, pois levava mais jeito com o formão e o trado... rs...
Num sei se era porque trabalhava praticamente sozinho, se era pelo fato de tudo ser feito artesanalmente, mas demorava mais de um mes pra conseguir montar uma simples carroça.. se fosse charrete, mais de 2 meses... mas como éramos apenas nós que fazíamos isto aqui o povo esperava... e ainda elogiava os serviços...
E tenho algumas histórias interessantes desta época... vou aproveitar pra contar uma...
Dia de sábado, era o dia da capação.. Logo de manhã já ia chegando as pobres vítimas a terem seus genitais decepados... iam chegando e sendo presos num pastinho que tinha em frente ao local que meu pai trabalhava.. e ficavam lá, sem saber a triste sina...
Meu pai continuava trabalhando normalmente... lá pelo meio dia, começava a chegar os amigos dele.. eram uns cinco ou seis, que visitavam a "Tenda", aos sábados... alguns já traziam caixas de cerveja...
Depois do meio dia, meu pai dava por encerrado o expediente e começava a capação...
Pedia pro primeiro trazer a vítima... derrubavam o disinfiliz, amarravam os quatro pés, pra ele num se debater e meu pai cortava o saco do bicho, sem dó nem piedade... e sem anestesia.... o grão ficava pendurado..
Daí ele usava uma pecinha de couro, com duas madeiras na ponta.. passava pelo grão pendurado e ia girando as extremidades.... a até o "ovo" cair... estrangulamento por torção... creio que pra evitar hemoragia, sei lá... Depois enchia tudo de graxa (destas comuns, pra rolamentos), costurava e mandava vir o próximo... brrrrrr... cara, aquilo era apavorante e eu não costumava acompanhar.... era muito fraco praquilo.. rs...
O mais interessante não contei... o grão do infiliz caia.. direto numa bacia e ia sendo guardado lá perto da forja...
Quando acabava, uns dez ou doze bolas na bacia, os donos dos cavalos se retiravam (e ainda pagavam por isto).. depois que todos iam embora, meu pai e os amigos dele lavavam aquelas bolas, temperavam, cozinhavam na forja e depois comiam, acompanhado com muita cerveja.. rs...
Eu nunca tive coragem de experimentar, mas eles se deliciavam.. rs... e diziam que era afrodisíaco.. isto todos os sábados... durante vários anos....
Interessante também de nunca eu ter ouvido falar de um destes cavalos que tivessem morrido por infecção devido à "intervenção cirúrgica" que meu pai fazia...
Normalmente uma semana depois estavam puxando carroça novamente... e mansinhos desta vez...
Tava até pensando em sugerir isto pro MAC, pra resolver o problema dos carinhas que costumam ficar "brabos" aqui, de vez em quando...
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Falando de "antiga", aqui em Portugal essa profissão quase extinta... se chama de .... Ferreiro rsrsrsrsrs pois o acto de colocar ferraduras nos cavalos ( e nos primos destes equideos ) é feito pelo Ferreiro, como voçê descreveu eram pessoas com conhecimentos em várias áreas sendo tão importantes para a actividade de uma vila / cidade no século passado , como o eram os Doutores....
Mais um bom par de coisas haveria a dizer acerca desses pilares da sociedade, mas voçê ja descreveu quase tudo.
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Abraço
Portuga
Zé Vilhena
« Última modificação: 07/05/12 - 19:08 por portuga »
Verdade, Zé Vilhena... Estas pessoas eram, na maior parte das vezes, semi-analfabetos, ou, como no caso do meu pai, analfabeto de tudo.. Mas tinham um conhecimento impressionante... Não sei com quem aprenderam... meu pai mesmo não tinha ninguém na família que o ensinasse... não me lembro de ninguém mais com este "dom"... como ele aprendeu?
Não sei... quando o "conheci", ele já fazia isto...
Cresci vendo ele trabalhar... e colocar em prática aqueles conhecimentos impressionantes, pra alguém bruto, sem nenhuma bagagem de conhecimentos catedráticos.. apenas prática....
Realmente incrível...
Uma vez alguém foi lá em casa já praticamente anoitecendo... disse a meu pai que uma mula dele tava "empacada" (parada, travou as quatro rodinhas... rs..) e queria que meu pai fosse lá socorrrer... ele foi e eu fui junto, claro.. rs... num podia perder a brincadeira... (pra mim, na época, era tudo brincadeira... rs..)
Chegamos lá, uns cinco quilômetros de distância e lá tava a mula deitada (já tinham soltado a carroça da pobrezinha) e ela tava lá deitada gemendo... a barriga enorme... e gemia que dava dó...
Meu pai olhou, coçou a cabeça (eu ficava imaginando eu, no lugar dele, o que faria....)
Ele num falou nada.. saiu andando em direção a uma vendinha que tinha próximo (já tavam quase fechando)... foi lá, bebeu umas pingas, comprou um embrulho de alguma coisa e voltou..
Quando chegou, descobri que tinha comprado ovos.... creio que uma dúzia...
Aí ele arregaçou as mangas, pegou um ovo quebrou e esfregou na mão e no braço. Pegou outro, inteiro e enfiou a mão e o braço no ânus da mula, até o cotovelo, quebrou o ovo lá dentro e retirou a casca... repetiu isto umas duas ou tres vezes e de repente a mula "obrou" tudo que tinha direito...
Uns cinquenta quilos foi pouco.. rs... quando assisti àquele filme Jurassic Park que tinha aqueles montes enormes de estrume lembrei da mula que meu pai salvou...
Ela jogou tudo que tinha pra fora, levantou e ficou boazinha na hora.... rs..
Num sei se levantou porque tava boa, ou porque ficou com medo de meu pai enfiar o braço nela de novo.. .rs...
Daí fico pensando... quem ensinou meu pai a fazer isto? Como ele aprendeu? Sozinho? Professor sei que não teve... a não ser a vida....
Incrível.. rs...
E o pior que escrever ou falar sobre isto me deixa com uma sensação de que sou descendente direto da Idade Média.... rs...
Vendo e vivendo estas modernidades de hoje, num consigo imaginar pessoas como meu pai vivendo hoje, em meio à toda esta cibernética que hoje vivenciamos no dia-a-dia...
abração,
Eduardo
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E o pior que escrever ou falar sobre isto me deixa com uma sensação de que sou descendente direto da Idade Média.... rs...
É nada,isso pra mim é saudade do véinho,ter crescido e aprendido muita coisa com eles,que na verdade,a gente só admite que aprendeu quando chega ao ponto de vista deles(na idade que eles estavam),aí então a gente lembra,putz,em mil e novecentos e guarana de rolha meu pai fazia isso no dia a dia...É assim comigo,to errado?
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Ahm,esqueci de falar no post anterior,a receita do seu pai é especial pra mim,vou guardar com muito carinho... Ingredientes: -Cera de abelha -Óleo de peroba -Óleo de linhaça -Cera de carnaúba -Querosene Fora o querosene,que falta testar,o resto é tudo pra polir cara de pau,vou usar na minha...
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Olá! Muito bon o protetor natural de madeira. Eu sabia que para tabelas e comer assado utilizar uma pasta feita com 1 parte de cera de abelha e 2 partes de vaselina (óleo mineral comestível) todo fundido num banho de água. Essas histórias que eu me lembro quando era criança. Também me lembro de quando as rodas foram colocados aros de ferro. Este colocá-los no chão e da madeira em torno do qual atearam fogo. Quando estavam dilatadas rapidamente colocou na roda era de madeira e enfriban com água.
Ainda hoje, em lugares onde os bovinos são criados animais de sobreano são marcadas com um ferro quente na garupa e os machos são castrados e comer os testículos. No Brasil não sei se aqui é comido em todos os lugares, mesmo onde vendem assado os (agora falo en espanhol) chinchulines e chotos, tripa gorda, esses intestinos de bovinos, ovinos ou suínos y também molleja y riñones ( timo e rins).
Assim como você, havia esquecido dessa fórmula. Tinha uma leve lembrança das cera de carnaúba e abelho e também da querosene. Tudo em banho maria. O problema é que nunca havia me aventurado a fazer por que era muito criança e esse banho maria com querosene é um prato cheio para acidentes.
Agora que já estou grandinho e você teve a gentileza de postar a receita, vou fazer com certeza.
Abraços
Edson
ah! esqueci de mencionar, aqui em São Paulo-SP essas pessoas que faziam e usavam esse produto nos móveis chamavam-se de "LUSTRADORES".
« Última modificação: 12/05/12 - 20:45 por mulapreta »
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Não vá dizer que sou isso, sou aquilo... porque SOU MESMO...
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